-> 24º Chapter - Enviada para matar <-

A vida me ensinou a sorrir

quando o que mais desejo é gritar

todas as minhas dores para o mundo

- Charles Chaplin -

#Você é único

P.O.V. Você

        Valentina ficou andando em volta do meu corpo e me fuzilava com ódio. O que foi que eu fiz para essa mulher? Ela tinha um rancor guardado que acho que nem ela própria conseguia entender.

        - Realmente você é mais esperta do que eu pensava - ela falou - Como descobriu que eu fui uma das responsáveis?
        - Uma das?
        - É, acha que fiz tudo sozinha? - ela balançou a cabeça parecendo decepcionada - Mas como descobriu?
        - Fui juntando as peças ao longo do tempo - respirei fundo - Quando meus pais morreram, você foi a primeira a aparecer e foi super estranho. Não teve medo de que os homens voltassem - as lágrimas já desciam pelo meu rosto - Depois quando você me chamou para trabalhar, eu percebi que havia fotos dos meus pais em cima do seu birô, mas infelizmente você me disse que eles eram os seus amigos... Você mentiu para mim. Você tirou a vida dos meus pais friamente e ainda por cima fingiu ser minha amiga. Como pôde fazer isso? 
        - Eu tinha inveja, essa é a palavra. Tinha ódio da sua mãe
        - Minha mãe? O que ela fez para você? Minha mãe era a pessoa mais doce que já conheci
        - Ela roubou o meu namorado, no caso seu pai, e tiveram você. Mas nunca foi minha intenção matá-la.

        Fiquei perguntando por que ela estava falando aquelas coisas. Como foi que ela não matou minha mãe? Ela acabou de dizer que tinha inveja dela. Tinha que enrolá-la para pensar um pouco. Tinha ainda o caso de Victor.

        - Pode acreditar, eu não matei sua mãe
        - Como você quer que eu acredite nisso?
        - Porque a pessoa que matou sua mãe já está morta
        - Hum... - pensei e logo veio o Victor - Victor?
        - Victor está morto
        - Como sabe que ele está morto?
        - Foi eu que mandei os caras matarem ele
        - Por que?
        - Por diversão mesmo
        - Então com certeza quem matou os pais dele foi você também
        - Foi eu sim
        - Você é muito impulsiva
        - Eu sei disso, mas queria eu que ele fosse o responsável pela morte de seus pais
        - E quem foi?
        - Sei que tem mais perguntas objetivas, então pergunte logo antes do seu fim
        - Por que você colocou a mãe do Justin nesse meio todo? Ela não tinha culpa nenhuma e acabou morrendo por sua causa
        - Errado. Foi ela que encomendou a morte de sua mãe.
        - O que?
        - É, querida. Parece que sua mãe teve um caso com o marido dela, Jeremy, quando eles estavam casados
        - Mas mesmo assim, você os matou
        - Não. Eu fui atrás de seu pai. Aqueles caras eram argentes da Pattie. Quem matou seu pai foi eu.
        - Mas eu vi quando os homens atiraram na cabeça do meu pai
        - Não. Eu atirei na hora que eles estavam prontos para atirar na sua mãe
        - Isso não explica nada - rebati - Você não teve medo se os caras voltassem. E também no momento que eles se foram, você chegou. Nada disso explica
- Olha, meu bem - ela disse com sarcasmo - Acha mesmo que eles iriam ficar lá sabendo que tinha alguém escondido e qualquer momento pudesse matá-los?

        Pensei e realmente ela estava certa nesse ponto. Mas ainda não havia me convencido. Para mim a culpada da morte deles foi ela.

        - Você querendo ou não, eu salvei sua vida - ela disse
        - Não salvou, você tirou minha vida no momento que puxou o gatilho
        - Oh, garotinha difícil. Mulher, Pattie pretendia te matar - ela foi se chegando - Aqueles caras não estavam apenas lá para matar sua mãe, eles iriam lhe pegar, levar até ela e lá mesmo você morreria

        Engoli em seco e recuei alguns passos pois estávamos juntas demais pro meu gosto. Mesmo depois dessa história toda, eu ainda não confiava nela.
        Me lembro ainda o que aqueles caras disseram "Ela quer a garota". Então se eles eram mandantes da Pattie, então por que meu pai os enfrentou?
        Espera, (seu nome) pensar melhor. Tinham duas mulheres caçando seus pais e cada um sabia quem eram as suas suspeitas. Minha mãe achava que era a Pattie e meu pai achava que era a Valentina.
        Então de um jeito ou de outro, eles iriam me proteger. Dependendo de quem fosse a responsável.

        - Vocês se juntaram?
        - Vamos dizer que entramos em um acordo
        - Que tipo de acordo? Você a odiava?
        - Aquela mulher era um atraso de vida - ela sorriu - Justin que foi esperto em ter fugido de casa. Da boca dela saia apenas merda e isso estava me irritando. Por isso mandei ela assumir todo o crime sozinha
        - Como?
        - Eu tenho uma foto do Justin no meu birô e eu falei que se ela não se juntasse a mim para te derrubar e fazer tudo o que eu mandasse, o filhinho querido dela morreria
        - Pra que tem uma foto do Justin no seu escritório?
        - Ás vezes eu batia uma siririca para ele e também estava pensando em tirá-lo de você
        - Mesmo que tentasse, nunca iria conseguir - falei alto demais pro meu gosto - Justin me ama e não me trocaria para ficar com uma rapariga igual a você
        - Eu vou fazer você engolir cada palavra que disse nesse exato momento

        Senti medo na hora, não sabia o que ela era capaz de fazer comigo, então a última coisa que fiz foi correr. Nem lembrei que o Willian estava nas mãos dessa bandida.
        Olhei para trás e não tinha ninguém correndo na minha direção. Parei um pouco com a respiração pesada, olhos ardendo por causa da areia que o vento levantava e minhas pernas estavam bambas.
        Fiquei parada por um tempo quando sinto uma pancada forte na minha cabeça. Cai sobre a areia e tentei olhar pra cima, mas a minha vista estava embassada.

        - Achou que iria fugir de mim? - perguntou uma pessoa - Amarre-a

        Meus braços foram puxados para trás de um jeito violento e cordas foram amarradas sobre eles. Tentei me levantar, mas o jeito que eu estava ficava complicado e também tinha alguém sentado em cima de mim.

        - E eu também prometi uma coisa para Pattie - ela se ajoelhou na minha frente - Ela me pediu, caso morresse algum dia e foi o que aconteceu, pediu para eu te matar
        - Por que? - rangi
        - Motivo eu não sei. Ela não disse, mas como fez um favor de me ajudar, eu vou fazer o que ela pediu
        - Me solta
        - Pode fazer o que quiser com ela
        - Espera, Valentina - engoli um pouco de areia - O que vai fazer?
        - Eu quero ver você sofrer e com certeza ela gostaria de estar no meu lugar nesse exato momento. Seu pai vai se arrepender por ter me trocado
        - Mas eu não tenho nada haver com isso. Ele não lhe trocou...
        - Não vou ficar de papinho com você - ela deu as costas - Pode começar, Willian
        - Willian? - tentei olhar para trás, mas foi em vão
        - Ele me contou a história de vocês e isso seria errado matar você antes que ele te provasse
        - Willian, não faz isso, por favor - pedi, mas não houve resposta

        Minhas roupas foram rasgadas bruscamente me deixando completamente sem nada, nem a calcinha e o sutiã. Eu estava com medo, chorava desesperadamente. Não sabia se iria aguentar o que estava por vir. Não tinha certeza se o Justin viria para me salvar.
        Um grito super alto saiu da minha garganta quando sinto alguma coisa entrando dentro de mim. Willian estava fazendo o que Valentina mandou, ele estava me estuprando. Eu nunca devia ter confiado nele. Por que não fui confiar no Justin?
        Ah, Justin, cadê você?

        - Me solta, Valentina. Pare com isso, por favor, está me machucando
        - É gostoso, menina - ela zombou - Quer dizer que você nunca deitou com o Justin? Ah, me poupe né
        - Mas ele é meu namorado... Por favor, me solta.

        Ela se abaixou na minha frente e bateu no meu rosto quatro vezes. Minhas pernas 
batiam desesperadamente contra as costas do Willian, mas nada adiantava, eu só estava piorando as coisas.
        Podia sentir um líquido descendo da minha vagina e calculei que era sangue. Eu estava me ardendo toda, e achei que ali seria meu fim. Sem ao menos olhar para o rosto do meu homem.
        Comecei a gritar desesperadamente quando vi que tinha alguém chegando. Não estava vendo tudo perfeitamente, mas sabia que tinha alguém ali.
        Ouvi um grito chamando meu nome. Era o Justin. Ele veio me buscar, veio me salvar das mãos dessa rapariga. Olhei nos seus olhos e vi que ele estava chorando. Aquilo me cortou o coração. Nada mais podia me afetar, a não ser vê o Justin triste.
        Falei o que queria falar, e acabei apagando.
        Não aguentei mais suportar aquela dor tanto física, quanto emocional. Um garoto que eu tava tentando salvar, agora estava em cima do meu corpo fazendo uma coisa que eu menos imaginava. Estupro.

-> desmaiada <-

        Abri meus olhos devagar e a primeira pergunta que veio na minha mente foi, Eu estou viva? Será possível que eu vou viver para lembrar desse pesadelo que acabei de presenciar? Merda!
        Eu respirava levemente e meu corpo tinha parado de doer. Estava com cheiro de perfume no ar. Minha pernas estavam cobertas por um pano quentinho e minhas mãos estavam entrelaçadas com outras mãos.
        Pigarrei e olhei pro lado. Justin estava com a cabeça encostada sobre a cama e alisando minha mão. Dei um sorriso simples e o chamei com calma, já que minha voz estava presa na garganta.

        - Justin - ele me olhou - É muito bom ver seu rosto de novo
        - Ah, meu amor

        Ele beijou minha testa com cuidado e foi descendo. Seus lábios se encaixaram nos meus como se fosse mágico. Me sentia nas nuvens quando ele me beijava desse jeito. Como eu queria ter essa sensação de novo.
        Não conseguia me mexer direito, mas conseguia ainda beijá-lo direitinho. Encolhi minhas pernas devagar e me sentei com calma, puxando a mão dele para que ficasse atrás de mim.
        Recebi um abraço bem gostoso e aconchegador. Me sentia mais protegida quando estava com ele e no meio dos seus braços quentes.

        - Meu Deus, como eu rezei para você ficasse melhor - ele beijou minha bochecha - Quando você caiu naquela hora, achei que tinha te perdido
        - Não fica assim, eu estou aqui com você, nos seus braços - dei um sorriso - Sabe no que eu estava pensando?
        - No que você estava pensando? Com certeza foi em nós - ele deu um sorriso enorme fazendo-me sorrir também
        - Convencido, mas pior que você está certo. Sonhei que agente estava na nossa casinha e eu segurando nosso filho recém-nascido
        - Que lindo. Que tal transformarmos esse sonho em realidade?
        - Oh, Justin, to sem clima - abaixei a cabeça
        - Não to falando que precisamos fazer agora. Temos até o resto de nossas vidas para fazer isso
        - O.k. - bocejei - Onde estamos?
        - Estamos naquela casa que você arrombou
        - Hum... Acha que ninguém vai chegar?
        - Espero que não, né? Quero que você durma um pouco antes de irmos lá no hospital para ver o Chaz.
        - Tinha quase me esquecido. Ele ta bem?

        Justin começou a sorrir e eu fiquei olhando para ele me perguntando o que foi que deu nesse idiota. Ele estava achando graça não sei de que, mas comecei a sorrir com ele sem nenhum motivo.

        - Aquela peste tá ótima
        - Não fala assim dele, Justin
        - Agora vamos dormir

        Me virei de costas para ele e fechei os olhos. Segurei suas mãos que estavam em volta da minha cintura e fiquei alisando. Ainda me lembro quando nos conhecemos. Como ele foi irritante e mesmo assim me conquistou.
        Não gosto de homem muito melosos e é por isso que gosto dele de verdade. Ele é rude, mas ao mesmo tempo fofo. Só eu posso entendê-lo. Se ele tivesse um relacionamento com outra pessoa, com certeza ela não o entenderia.
        A vida de Justin é como um labirinto. A pessoa só pode entrar nela se tiver muita coragem de descobrir as surpresas pela frente. Homem igual a ele não vou achar mais nunca.

Finalmente todas as verdades foram contadas
Acho que eu tava deixando todas vocês loucas para saber disso tudo
Algumas de vocês acharam que a Pattie não tinha nada haver com isso, né?
Ah, estavam enganadas...
Espero que tenham gostado mesmo...